
No sábado, 3 de maio de 2025, o Rio de Janeiro entrou para a história com o megashow gratuito de Lady Gaga na Praia de Copacabana. O evento reuniu 2,1 milhões de pessoas, consolidando-se como o maior público da carreira da artista e um dos maiores já registrados na orla carioca. A apresentação teve forte apelo simbólico: marcou o retorno de Gaga à cidade após 13 anos, emocionou com discurso lido em português e foi celebrada especialmente pela comunidade LGBTQIAPN+, da qual a artista é ícone global.
Mas para além do espetáculo cultural, o evento levantou um debate legítimo sobre o papel do poder público em financiar grandes eventos. A estimativa da Prefeitura do Rio, por meio de estudo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico em parceria com a Riotur, é que o show injetou mais de R$ 600 milhões na economia carioca. Impactando setores como hotelaria, gastronomia, transporte, comércio e serviços. A rede hoteleira da zona sul atingiu 96% de ocupação. Mais de 500 mil turistas chegaram à cidade entre os dias 1º e 3 de maio, número que superou em muito a projeção inicial de 240 mil. A Rodoviária Novo Rio e o Aeroporto Internacional Tom Jobim registraram operação extraordinária, com reforço na malha rodoviária e aumento de voos.
O custo total do evento foi de R$ 92 milhões, sendo R$ 30 milhões em recursos públicos, divididos entre a Prefeitura e o Governo do Estado, e o restante custeado por patrocinadores. É legítimo que parte da população questione se vale a pena investir dinheiro público em um evento cujo lucro tende a se concentrar em grandes empresas, como redes hoteleiras, plataformas de transporte e até conglomerados de mídia, como a própria Globo, coprodutora do show. O debate sobre o lucro exacerbado de agentes privados é válido, sobretudo em um país com desigualdades estruturais.
No entanto, sob a ótica tributária e distributiva, o cenário é mais complexo: grande parte do consumo gerado durante o evento se converte em arrecadação de impostos, como o ISS (Imposto Sobre Serviços) e o ICMS, que retornam aos cofres públicos. Além disso, eventos dessa magnitude movimentam cadeias produtivas de pequeno porte, beneficiando ambulantes, comerciantes locais, prestadores de serviços e trabalhadores temporários. Esses impactos, ainda que mais difusos, são fundamentais para a dinâmica econômica de uma cidade como o Rio, onde a informalidade e o turismo são forças estruturantes da renda popular.

Além disso, apenas a exposição midiática da cidade nas redes sociais foi avaliada em R$ 98 milhões em publicidade espontânea, superando o valor público investido. Foram mais de 100 milhões de visualizações e 32 milhões de interações nas redes sobre o show, com destaque em mídias nacionais e internacionais. Termos como “Gagacapana” viralizaram nas plataformas digitais, refletindo o engajamento popular e a força simbólica do evento. A repercussão não se limitou ao fim de semana do show: a cidade permanece em evidência nas redes, impulsionando debates sobre quem deve ser a próxima grande atração internacional, mantendo o Rio vivo no imaginário coletivo como capital da cultura e do espetáculo.
Por fim, mas não menos importante, a iniciativa “Todo Mundo no Rio”, ao associar grandes eventos gratuitos a personalidades internacionais de alto prestígio, tem desempenhado um papel estratégico na valorização da imagem da cidade. Ao utilizar a força simbólica de artistas como Lady Gaga para atrair atenção global, a Prefeitura tem conseguido reposicionar o Rio de Janeiro como um destino vibrante, acolhedor e culturalmente relevante.
Essa exposição espontânea, somada à experiência positiva dos visitantes, potencializa a vinda de turistas nacionais e estrangeiros, reforçando o apelo da cidade enquanto cartão-postal do Brasil. Trata-se de um impacto econômico que transcende os dias do evento, gerando reverberações que podem beneficiar o turismo, a economia e a arrecadação municipal nos meses e até anos subsequentes.
É nesse contexto que o retorno econômico e institucional precisa ser compreendido de forma ampla. Os megashows, como o de Lady Gaga, funcionam como catalisadores de consumo turístico, ativadores de serviços e promotores de imagem internacional. São eventos que geram externalidades positivas e ampliam o valor simbólico da cidade, estimulando futuros fluxos de visitantes, negócios e investimentos.
Portanto, apesar dos custos significativos, o caso do show de Lady Gaga mostra que eventos culturais, quando bem planejados e integrados a políticas de desenvolvimento urbano e turístico, produzem retornos socioeconômicos que vão além da contabilidade imediata. Eles fortalecem o posicionamento do Rio como polo global de cultura, turismo e diversidade.
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